sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Eu estava me apaixonando pelo Diego...

Eu não sei se você leu, ou um dia lerá as cartas que Khalil Gibran escreveu durante anos à Mary Haskell, talvez você as leia um dia e até mesmo diga que me tornei a maior plagiadora que já existiu nesse mundo, mas eu realmente poderia ter escrito para você todas aquelas cartas que ele escreveu para ela.

Elas se encaixam perfeitamente nas coisas que em algum momento eu gostaria de ter dito, ou que até lhe disse em outras palavras.

Eu poderia ter dito, por exemplo, que fui tocada pela tua presença desde a primeira vez que o vi e que na medida em que conversávamos, o seu jeito suave me fez falar de mim mesma e arrancou o que havia de mais profundo em mim, sentimentos que nunca havia antes compartilhado com qualquer outra pessoa. Isso foi ótimo e continua sendo.

Eu também escreveria que nos tornamos amigos para sempre!
Exatamente como Khalil, eu lhe diria que viajar ao lado da sua imagem e ternura me fez em vez de reparar nas cidades, estudar a mim mesma enquanto conversava contigo...
Que reconheci a paixão do primeiro encontro e que sei que ela vai permanecer para sempre, pois eu o amarei por toda eternidade, como já o amava muito antes de vê-lo pela primeira vez.

Não sinto culpa por me apossar das palavras de Khalil, porque exatamente como ele disse a Mary, eu também digo a você que eu sei que nada poderá nos afastar, pois nem eu e nem você podemos mudar essa relação. Eu quero que você se lembre pelo resto dos seus dias que você é hoje a pessoa mais importante do meu mundo, pois você ajudou-me a descobrir a mim mesma e agradeço aos céus por ter te encontrado.

Como Khalil, eu também perdi o meu pai e tenho certeza que ele está bem, mas também não consigo evitar a tristeza e a dor da sua ausência. Também me pergunto se um dia irei reencontrá-lo. Eu também teria te escrito dizendo o quanto sofro de saudades do meu ente querido e lhe diria que você tem sido o meu único consolo embora esteja tão longe.
Teria te contado que quando eu caminho você está perto, que quando trabalho, você conversa comigo e, quando me sento sozinha para comer, sua presença surge ao meu lado e então eu sei que não há distância entre aqueles que se amam.

Eu poderia perfeitamente ter escrito para você dizendo que nunca vou para a cama sem antes lhe dizer boa noite em meus pensamentos e que tento transformar toda essa energia desse sentimento puro em algo bom para mim, para você, e todas as pessoas que nós amamos.
Diria que também acredito que o maior desejo do meu coração é revelar-se totalmente e ser compreendido por ti, pois todas as pessoas do mundo querem mesmo ser desvendadas e compreendidas por pelo menos uma pessoa.
Diria a você que ninguém pode conviver sozinho com a beleza que é capaz de perceber e que eu e você buscamos o absoluto, que estamos construindo um jardim usando a nossa solidão.

Em novembro de 1911, Khalil escreveu à Mary dizendo da felicidade indescritível que ele estava sentindo porque ela iria visitá-lo no próximo mês. Isso é exatamente o que estou sentindo hoje em relação à sua visita. Eu poderia ter te escrito exatamente o que ele escreveu, teria usado as mesmas palavras: "...talvez essa distância que somos obrigados a aceitar seja um benefício, pois coisas assim tão grandes só podem ser vistas de uma certa distância."

Meu anjo, eu poderia roubar todas as frases, palavra por palavra de tudo o que Khalil escreveu e diria que ninguém sabe qual a fronteira entre a dor (da distância) e o prazer (da existência) e que muitas vezes, como ele, eu penso que é impossível separar essas duas coisas: que eu também não posso planejar nada importante, porque isso transformaria tudo em pequenas coisas.
Que apenas parte de mim vive hoje aqui e a outra parte vive a vagar em busca da sua presença, que você nem precisaria dizer nada, nem mesmo sorrir, pois apenas estar ao seu lado já me faria completa. Diria que é preciso tocar a alma para conseguir compreender sentimentos tão intensos. E eu reconheço que sou exagerada, não sei sentir nada de forma simples e equilibrada.

A felicidade, a amizade, o amor, a fé ou até mesmo a dor quando me vem toma conta de todo o meu ser e eu me entrego completamente a esses sentimentos.
E só alguém como você seria capaz de compreender isso tudo, sem ver maldade ou loucura no que sinto.
08/2009

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