segunda-feira, 30 de abril de 2018

Mais do mesmo!



Pessoas, tenho lido muito a respeito do câncer de mama e queria alertar às minhas amigas e queridos aqui do meu face, sobre algumas das descobertas que tenho feito:
1 - Causas:
Apenas 15% dos cânceres de mama são causados por hereditariedade contra 85% são causados por fatores que podem ser evitados e controlados: tabagismo 30%, má alimentação 30% e o restante são fatores como poluição, estresse, sedentarismo, alcoolismo e outras causas.
2 - Prevenção:
Se você não bebe, não fuma, pratica exercícios regularmente e faz uma alimentação saudável, já tem boas chances de se ver livre da doença. Mas, o que é uma boa alimentação? Resumindo bem: não consumir produtos industrializados, alimentos livres de agrotóxicos e reduzir o consumo de carne vermelha já é um bom começo.
3 - Informação:
O fato de você ter nascido mulher já é um fator de risco para o câncer de mama, o que não significa que homens também não possam desenvolvê-lo - mas a porcentagem é muito menor. Até ser diagnosticada não fazia ideia de que somente a mamografia não era o suficiente para monitorar o meu corpo. Só quando tive um tumor de 2 cm palpável que fui descobrir que a mamografia - que eu fazia anualmente - poderia não mostrar o meu tumor. É preciso fazer a mamografia (muitos tumores, como de origem por calcificações, só aparecem na mamografia), mas não deixem NUNCA, nunca, nunca, de fazer um ultrassom (tumores como o meu não aparecem na mamografia por serem muito parecidos com o tecido mamário). Eu estou insistindo muito nessa tecla, porque eu senti na pele não ter feito um ultrassom em 2017. Se tivesse feito um ultrassom há um ano, junto com a minha monografia, teria pego o meu tumor ainda "in sito" e as chances de cura seriam de 100%. Não é preciso ficar paranóica com isso, mas não custa nada fazer junto com a mamografia um ultrassom.
4 - Ajudando o seu corpo te curar:
Depois do diagnóstico descobri que não preciso ficar de braços cruzados esperando o médico e os remédios fazerem todo o trabalho. Eu posso fazer muita coisa para ajudar o meu corpo restabelecer a saúde: exercícios físicos, uma alimentação adequada desde o primeiro instante, equilíbrio emocional e aumentar a minha imunidade. Tenho trabalhado incessantemente nisso. Eu tenho a obrigação de ajudar o meu organismo a sair dessa, já que tenho uma boa parcela de responsabilidade por tê-lo colocado nessa situação.
5 - Não se desesperar:
Num primeiro momento você acha que a sua vida acabou, que nunca mais vai ter paz ou conseguir viver livre, como era antes do diagnóstico. Eu percebi que não sabia absolutamente nada sobre o câncer. E mesmo com tanta informação disponível em sites confiáveis, a gente não sabe quase nada sobre a doença. E não somos só nós pobres mortais não. Nem mesmo os médicos (não especializados) sabem muito quando pegam o laudo da sua biópsia. Eu levei mais 15 dias pesquisando muito até descobrir, por exemplo que o Grau I de Nottinghan - que veio escrito no meu diagnóstico significa que os meus linfonodos estão negativos, ou seja, ainda não há metástase. Passei mais de 15 dias super preocupada com a gravidade da minha doença, quando no próprio laudo da minha biópsia já tinham informações que nem a minha mastologista e nem o meu ginecologista souberam me explicar. Precisei ler uma tese de doutorado inteira sobre o assunto para entender o meu laudo. E claro, pesquisando evidentemente em sites confiáveis. Na verdade, quando você lê "carcinoma ductal INVASOR..." você já acha que o seu caso não tem solução e depois de pesquisar muito, perguntar muito para os amigos médicos, você descobre que dentro de um diagnóstico há várias outras coisas que podem complicar ou facilitar a sua cura. Além disso tudo, acredito que a forma como encaramos olhar para o que está acontecendo muda muito o modo como vamos passar pelo árduo caminho do tratamento e da cura;
5 - Se prepare:
Muita gente me diz para não ficar pesquisando sobre a doença, sobre o tratamento, porque isso só me faria sofrer antecipadamente por algo que talvez eu nem venha passar. Concordo, em partes. É claro que é preciso muito cuidado na busca por informações, principalmente num terreno nebuloso como a Internet. É preciso muita cautela e verificar a confiabilidade das informações e o que você está pesquisando. Eu por exemplo, já tenho uma ideia de como será o tratamento, uma vez que o meu ginecologista já me adiantou: cirurgia, quimioterapia e radioterapia serão necessários.
Então o que eu estou pesquisando? Coisas como: "quais os efeitos colaterais da quimio e radioterapia e como se prepararam para minimizar esses efeitos?" É uma delas. Também pesquisei minunciosamente cada item do laudo da minha biópsia para saber exatamente o que tenho e qual a gravidade. Descobri coisas muito interessantes e já sei de antemão como poderei melhorar a minha vida durante o tratamento.
6 - Não se abale com comentários:
Muita gente vem te contar histórias de casos de sucesso. OK! Isso ajuda muito a nos manter fortes e confiantes, mas muita gente também virá te contar sobre aquela amiga que morreu lutando justamente com a mesma situação que você está vivendo. Mas, acontece que: cada organismo é único! Cada pessoa reage de diferentes formas ao tratamento e até que todas as possibilidades se esgotem, há chance para você. Eu escolhi me agarrar aos casos de sucesso.
7 - VIVA!
Não perca uma única oportunidade que seja de viver, de ser feliz, de se fazer feliz. Porque a verdade é que estar vivo, nesse instante, é o verdadeiro milagre. Não só por ter ali na sua gaveta um diagnóstico de câncer, mas porque um simples escorregão no banheiro, de manhã, pode mudar tudo. Viver é algo sublime. Aproveite!
Orem por mim,
Torçam por mim!

quinta-feira, 26 de abril de 2018

A difícil tarefa de perdoar e pedir perdão...

Mágoas, rancores, ressentimentos e estresses ajudam a causar câncer! Eu tive certeza disso, quando descobri que estou com câncer de mama. 
Nos dias que antecederam o meu diagnóstico eu passei por um turbilhão de emoções. Diante da possibilidade de estar com um tumor maligno, fragilizada que estava, busquei apoio e acolhimento onde eu imaginava que seria o primeiro lugar onde iria encontrá-lo. 
Na verdade eu já sabia das dificuldades que teria, mesmo assim não exitei em pedir apoio. E, uma vez mais, me decepcionei muito quando não encontrei o apoio (da forma que eu gostaria) na pessoa que eu mais queria que tivesse me acolhido naquele momento.
Eu fiquei destruída! Arrasada, passei o dia chorando pelos cantos, mesmo recebendo amor e carinho do marido, dos meus filhos, da minha prima e amigos próximos. Quando a noite chegou e todos dormiram eu desabei. Chorei profundamente como nunca havia chorado em toda minha vida. Me permiti, naquele momento, que toda a minha mágoa, decepção e dor viessem à tona.
Me joguei no sofá lamentando o fato do meu avô - meu pai de criação e o meu melhor amigo - não estar mais aqui para que eu pudesse chorar no colo dele. Sofri por não poder ligar para a minha avó e chorar até não poder mais ou até que a voz dela e os seus conselho - sempre tão oportunos - pudessem me acalmar. Minha avó está com quase 88 anos, muito frágil e gravemente doente. Naquele momento eu não poderia pedir o apoio dela e nem o da minha amada tia Isa, que se foi há dez anos.
Fiquei ali no sofá e depois deitei no chão da sala, em posição fetal, chorando baixinho. Então eu percebi que o meu nódulo - apenas ele - estava doendo, ardendo e latejando. Quanto mais eu chorava, mais aquele caroço estranho no meu corpo doía. Aos poucos fui parando de chorar e comecei a prestar atenção no que estava acontecendo comigo. Aquelas pontadas no meu peito não me deixaram dúvidas: uma das causas desse tumor no meu peito certamente é essa mágoa, esse rancor que eu carrego desde pequena. E pensei: "eu fiz isso comigo!". 
Eu ainda nem tinha recebido o diagnóstico, mas naquele momento eu já sabia que uma das causas daquele tumor ali latejando era a mágoa que eu cultivava há tantos anos. Foi o meu despertar. Dias depois a confirmação na biópsia: "carcinoma ductal invasivo, grau I". Então eu comecei a pesquisar sobre as causas, sobre curas e o que eu poderia fazer para me ajudar.
Além da medicina - que evoluiu muito na cura do câncer - , existem muitas coisas que eu posso fazer para ajudar o meu corpo a restabelecer minha saúde. Uma alimentação adequada, exercícios físicos regulares, equilíbrio psicológico e outro item me chamou atenção: o exercício do perdão. Esse último vinha de encontro a tudo que eu tinha acabado de vivenciar.
Logo em seguida comecei uma assistência espiritual - onde as pessoas que estão doentes participam de  12 palestras - e já no primeiro dia de palestra a expositora falou sobre a importância do perdão para nossa saúde e equilíbrio mental. A palestra reforçou ainda mais aquilo que eu estava descobrindo. No dia seguinte na terapia psicológica - que faço há anos - minha terapeuta ouviu atenciosamente sobre as minhas descobertas e considerações e quando estava me despedindo ela disse: "a medicina não reconhece que mágoas causam câncer, mas a medicina reconhece que uma mente sã colabora para um corpo são e quando você se livra de uma mágoa e você perdoa (e se perdoa) sua mente fica mais sã, então vou te dizer: perdoe, perdoe-se!".
No mesmo dia, quando cheguei em casa comecei a pensar sobre todas essas informações, de que mais do que os 15% de probabilidade hereditária de eu ter um câncer, foram o meu estilo de vida e minhas atitudes que colaboraram para que o meu corpo produzisse células defeituosas. Então comecei a pensar em como eu faria para me libertar dessas amarras de mágoas e ressentimentos.
Não é fácil, depois de tantos anos agindo de certa maneira, mudar tudo. Mas, quando você se decide verdadeiramente, quando você se esforça para entender e quer de verdade fazer isso, os meios começam a surgir. Nessa mesma tarde peguei uma fotografia, liguei uma música calma e fiquei olhando para mim - ainda pequena na foto - e no riso da pessoa ao meu lado. Fiquei assim por muito tempo, até me lembrar daquele dia e sentir uma emoção muito forte. A compreensão de tantas coisas veio num único instante. Finalmente consegui enxergar o amor que existia naquele momento em que a fotografia foi tirada. Então pude compreender tantas coisas e fatos que foram obstáculos para nós, que antes simplesmente não conseguia.
Percebi que passei boa parte da minha vida ressentida, sem tentar ao menos entender a pessoa, ou dar a chance de ser amada da maneira como podiam me amar e não da forma que eu gostaria de ser amada. Eu precisei ser diagnosticada com uma doença grave para compreender isso e deixar de ser uma menininha esperneando porque não me deram o que eu queria, da forma como eu queria. Quando digo que o câncer veio me curar é disso que estou falando. Eu precisei ficar doente para entender que eu estava exigindo demais das pessoas. Exigindo algo que as pessoas não tinham para me dar. Então, em vez de me lamentar eu comecei a agradecer.
Depois dessa experiência percebi que até mesmo o fato de não ter sido acolhida - da forma como gostaria de ter sido - foi o que me ajudou a levantar e enfrentar o meu medo. A assumir a minha responsabilidade sobre a doença e a minha cura. Foi o que me fez perceber que me curar ou sobreviver vai depender exclusivamente de mim mesma.
Como disse em outro texto, eu não recebi uma sentença de morte, mas um alerta para acordar enquanto há tempo. Deixar de fazer as coisas que estavam me prejudicando. E eu vou me empenhar, em tudo o que eu puder, para me curar e poder, de alguma forma, ajudar outras pessoas que estejam passando pelo mesmo que eu. Acho que esse é um desejo de muita gente que consegue vencer um câncer.

É claro que muitas vezes ainda fico deprimida, penso no quanto o tratamento é complicado, difícil e em todos os riscos que estou correndo: de ter metástase, de ter recidiva, de não aguentar... São monstros que ainda me assombram, mas eu também sei que tenho muito a meu favor: Não teve nenhuma alteração de linfonodos no meu exame de ultrassom (um bom sinal de que não há metástase), o tipo do tumor é de crescimento lento, apesar de ser invasivo ainda foi descoberto razoavelmente cedo e vou me equilibrando dessa forma. Um dia mais preocupada, noutro mais confiante, mas com a certeza de que vou fazer tudo o que puder para me tirar dessa. E principalmente que  já deixei de ser essa menininha assutada da foto.

Orem por mim,
Vibrem por mim,
Torçam por mim,
Me enviem suas melhores energias.

Um beijo a todos.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Um dia diferente

 "Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro", já dizia o Pequeno Príncipe. Eu encontrei meu pequeno tesouro em Paranapiacaba há uns dias.
Quem me conhece bem, ou acompanha meu blog, conhece as muitas histórias que tenho de amizades incríveis que fiz com os meus "velhinhos favoritos" ao longo da minha vida.
Aos cinco anos a minha melhor amiga era a dona Verdilina, uma senhorinha de 80 anos. Eu fugia toda tarde para ir tomar café com ela. a história toda tá aqui ó: Dona Verdilina.
Ter amigos bem mais velhos que eu nunca foi um problema pra mim, pelo contrário, sempre me deram um prazer imenso e experiências maravilhosas.
Mas, a última amiga que fiz fugiu completamente à essa minha regra. Laís é simplesmente quarenta anos mais nova que eu. E acho que finalmente compreendi o que a dona Verdilina, seu Agostinho, seu Ignácio, a dona Eugênia e tantos outros enxergavam em mim: a sinceridade dessa amizade.
Laís estava balançando e eu estava observando o Tomás brincar com uns garotinhos. Balançar sempre foi uma das minhas brincadeiras favoritas, eu voava livre e feliz no balanço que o meu avô me fez. Fazia apenas 5 dias que eu tinha recebido o meu diagnóstico positivo de câncer. Eu ainda estava muito triste - lutando com todas as minhas forças para me manter forte, positiva e confiante - , estava aproveitando cada pequena oportunidade de "me fazer um carinho". Não pensei duas vezes. Não me importei com os rapazes que pintavam o coreto da pracinha (sem trocadilhos eles estavam mesmo pintando o coreto da pracinha), nem com as pessoas passando na rua e muito menos com os adultos que estavam comigo.
Sentei no balanço ao lado daquela garotinha e comecei a balançar cada vez mais alto. Tão alto e sem medo quanto eu conseguia ir quando tinha seis anos.
Então ela me falou: "Que legal você sabe ir bem alto! Como é o seu nome?. Eu lhe respondi que me chamo Adriana e ela me disse que o nome dela é Laís e que ela tem seis anos. Então ela resolveu me ensinar o twist: "é assím ó: você precisa se balançar muito alto e dai você vira o corpo e o balanço vira ao contrário." Obviamente eu não consegui fazer o tal twist, mas consegui fazer uma amiga.
(o twist da Laís)
Nós ficamos ali nos balançando e conversando juntas por um bom tempo, muito tempo. Tanto tempo que a minha amiga Cris resolveu nos fotografar. O tempo todo Laís me chamava pelo meu nome, nenhuma vez me chamou de "moça", de "tia" ou de senhora. Eu tinha conseguido vencer aquela barreira que existe entre adultos e crianças. Aquela que nós "os grandes" fazemos questão de erguer para se fazer respeitar e mostrar que temos mais experiência, que sabemos mais das coisas... Naquele dia eu descobri que não sabemos! Laís, que tem 6, sabe fazer um twist, eu, que tenho 46, não sei.
A confiança cresceu tanto que ela me convidou para o mais incrível de todos os convites que um adulto poderia receber: "Adriana, você quer conhecer o meu esconderijo? A minha cabaninha secreta que mais ninguém conhece?". É claro que eu queria!
Ela não só me mostrou a sua cabaninha, mas me inseriu no seu mundo, no seu maravilhoso faz de contas. Me apresentou o seu "pastor alemão", chamado Laranjinha, que toma conta do esconderijo para ela. Me disse para não chegar muito perto dele, porque ele era muito bravo e me morderia. Eu obedeci.
(Laís e o Laranjinha)
Ela me confidenciou seus truques, me mostrou sua casa ao longe e que aquela na janela, nos olhando, era sua irmã mais velha. A amizade estava selada e nossa conversa animada durou até a irmã dela vir correndo e mandá-la para casa. (obviamente ela não devia estar conversando com aquelas mulheres estranhas - A cris e eu).
Nós nem nos despedimos. Só escutei alguém berrando: "Laísssss!!!" e ela se foi correndo...
Já estava tarde, começava a chuviscar e nós também fomos embora. A amizade ficou! E quando eu voltar a Paranapiacaba vou procurar a minha amiga e saber como está o Laranjinha, o seu pastor alemão.

 (há um tempo ensinando Tomás se balançar)

Por que é tão difícil falar do câncer?

Depois que recebi o meu diagnóstico percebi que algumas pessoas têm muita dificuldade de falar sobre isso. Alguns por receio de incomodar, outros por não saber o que dizer e outros ainda por medo.
Eu também me sentia muitas vezes sem saber o que dizer para alguns amigos, que passaram ou estavam passando por isso. Eu tinha um receio muito grande de perguntar algo e acabar chateando a pessoa. Sei lá, ela poderia estar lá tentando se ocupar de outros assuntos pra esquecer e de repente eu iria lembrá-la. Não queria ser eu justamente a pessoa que iria perturbar a sua paz.
Desde que publiquei o meu relato e quando informei minha família e amigos mais próximos notei o quanto é difícil para algumas pessoas falarem comigo sobre o assunto. O meu "problema", a minha "enfermidade" ou minha "luta", nunca o meu "câncer". Muitos queridos que eu sei que gostam de mim simplesmente não conseguiram me dizer alguma coisa. Alguns se afastaram completamente, outros assumiram não ter nem o que me dizer e outros ainda (que sempre falavam comigo) simplesmente sumiram.
Eu queria dizer para vocês queridos do meu coração. É que está tudo bem: me procurar e falar sobre o assunto ou também não dizer nada sobre isso. Podemos falar de outras coisas ou podemos falar sobre o meu câncer.
Eu estou bem, estou bem informada e sei bastante sobre o que está acontecendo no meu corpo, como será complicado o tratamento e também que muito do que eu achava saber sobre câncer estava errado ou era um mito.
Quero que saibam que podem falar comigo se quiserem. O meu período do "luto" já passou e a partir do momento que você aceita a sua doença perde completamente o medo dela. E que também está tudo certo se não quiserem falar comigo sobre isso. Podemos falar de todas as outras coisas que falávamos antes. Só não sumam, por favor.
Um beijo muito carinhoso.
Postado no facebook - 23/04/2018

Eu não recebi uma sentença de morte!

Eu tenho recebido algumas mensagens lindas de alguns amigos me dizendo o quanto o modo como estou encarando esse período que estou vivendo tem, de alguma forma, ajudado outras pessoas. Me disseram para fazer um blog ou algo assim (isso agora está bastante complicado para mim), mas eu também estou sentindo uma necessidade imensa de dividir com vocês as minhas grandes descobertas e quem sabe ajudar outras pessoas que estejam enfrentando situações parecidas.
Quem me conhece bem sabe o quanto eu adoro conversar (e escrever) então eu estou sempre postando textões. Então vamos lá... Para quem tolera um textão e quiser me acompanhar, na medida do possível vou postar aqui tudo que tenho aprendido sobre a doença e a melhor forma de enfrentá-la.
Em primeiro lugar quero dizer para vocês:
EU NÃO RECEBI UMA SENTENÇA DE MORTE!
Eu li outro dia a seguinte frase: "Um câncer não é o seu corpo tentando te matar. Um câncer é o seu corpo pedindo socorro!". Isso fez muito sentido pra mim. Eu recebi um diagnóstico ruim, não uma sentença de morte. E até onde sei, existe possibilidade entre 50 e 80% de chances de me curar completamente. Eu tinha apenas 20% de chances do meu tumor ser maligno e era. Isso são simplesmente estatísticas. Mas, mesmo assim, se existir 0,001% de possibilidade de que eu me cure completamente e definitivamente, é uma possibilidade e eu me agarrarei à ela.
Isso é a parte técnica da coisa. Porque na verdade as possibilidades de cura podem ser de 100%.
Eu tenho lido e tenho ouvido relatos incríveis de curas completamente inexplicáveis. Por exemplo uma matéria que li da BBC de pessoas que se curaram de tumores com metástases sem quimioterapia, o tumor simplesmente desapareceu depois que o paciente teve uma pneumonia. Outra moça que descobriu um tumor no útero ao mesmo que se descobriu grávida. Ela decidiu ter o bebê e depois cuidar do tumor. Só que quando o bebê nasceu o tumor não existia mais. Eu tenho ouvido histórias de amigos, de pessoas que me procuram e me contam coisas incríveis e então eu digo a mim mesma: "Não seja covarde, olha o relato que você está ouvindo!".
Quando eu digo que decidi passar por esse caminho da melhor forma que eu puder. Eu digo isso com muita humildade. Por mais que as pessoas queridas me achem forte, corajosa, guerreira, etc... Na verdade a coisa não é bem assim. Eu sou até bem ansiosa, medrosa e excessivamente preocupada (mas até isso talvez esteja agora agindo em meu benefício). O que acontece comigo talvez seja o talento nato que tenho de consertar e remendar coisas. Diego me chama às vezes de "Adriana durepoxi". Tudo que quebra aqui em casa eu corro lá e remendo, costuro, colo, conserto. E agora estou 'me' remendando, me consertando.
É claro que estou morrendo de medo! É claro que acordo, às vezes, de madrugada e olho meus amores dormindo e choro de medo de deixá-los ou causar sofrimento para eles. Eu nem sei ainda a real dimensão da coisa. Nem passei ainda pela minha primeira consulta com o oncologista. Mas eu decidi não esperar parada. As primeiras perguntas que eu me fiz (no dia que percebi o nódulo) foram: "E agora? E se for algo ruim? O que eu posso fazer JÁ para ajudar a resolver isso?". E tenho me mantido nesse propósito: O QUE EU POSSO FAZER PARA ME AJUDAR A SAIR DESSA?
E tenho lido, pesquisado e descoberto que posso fazer muita coisa. Vou dizer aqui para vocês algumas dessas coisas:
1 - VOCÊ é a principal pessoa que pode te curar. De todos os relatos de curas incríveis que eu li ou me contaram. É unanimidade que as pessoas que se curaram, TODAS ELAS, queriam muito ser curadas e acreditavam muito nessa possibilidade;
2 - PESQUISE! Comecei a buscar e só pesquisar sobre casos de sucesso. De pessoas que se curaram e como elas conseguiram. O que fizeram, como agiram, que tratamentos paralelos fizeram e principalmente como elas estavam psicologicamente;
3 - SE FORTALEÇA! Comecei a ir atrás de tudo o que eu podia fazer para me fortalecer: acompanhamento psicológico (que já fazia), acompanhamento nutricional (tenho amigas nutricionistas que nem sabia que eram), tratamento odontológico (é importantíssimo estar tudo em dia, porque uma gengiva inflamada - se não tratada- pode causar uma infecção durante a quimio), assistência espiritual (orações, palestras de autoconhecimento e aceitação), meditação (que tem me ajudado a encontrar equilíbrio e autoconhecimento) e conversas com pessoas que já passaram ou estão passando pelo mesmo para saber, de antemão, o que me espera de verdade e como posso me preparar para enfrentar a coisa;
4- SE OCUPE! A minha vida está uma loucura. A minha rotina continuou a mesma. Sou eu quem faço absolutamente tudo de casa e minha rotina já incluía: lavar, passar, cozinhar, limpar a casa, tomar conta do meu filho de 5 anos recém feitos, levar e buscar na natação e escola, ir ao mercado, pagar contas, correr 3x por semana no parque, terapia 1x por semana. Além disso tudo agora tenho que preparar minha refeições separadas, ir nas terapias todas e no dentista 3x por semana. Eu não tenho tempo mais para pensar besteira. Eu sou necessária! E quem é necessário supera muitas coisas. Minha avó é a maior prova disso (leiam o post sobre ela que fiz há dois dias);
5 - NÃO SE VITIMIZE! A melhor coisa que uma pessoa - em especial - fez por mim ( no momento que fiz o ultrassom e descobri que havia a possibilidade de malignidade no meu tumor) foi não ter me acolhido da forma como eu queria e achava que precisava. Se isso tivesse acontecido certamente eu teria mergulhado na autopiedade (já que até essa pessoa estaria com dó de mim). Eu não teria chorado profundamente, me levantado e dito a mim mesma: "É com você queridinha, ninguém vai te dar colo e nem fazer isso por você. É você quem vai ter de se cuidar.". Na hora foi um sofrimento absurdo, mas depois eu compreendi a necessidade daquele momento. Quando ninguém tem pena de você, você também deixa de ter e ai começa assumir verdadeiramente suas responsabilidades;
6 - NÃO TENHA MEDO DE SE EXPOR! Isso é algo muito pessoal e eu realmente posso entender que isso talvez não seja fácil - e não é! Mas no meu caso eu nunca tive muito problemas em dizer as coisas, em me abrir e em me expor de alguma forma. Quando decidi abrir e postar no facebook sobre a minha doença, eu só queria me livrar desse assunto. Satisfazer logo a curiosidade das pessoas e contar de uma vez para todo mundo - pra não ter que fazer isso muitas vezes - porque é exaustivo fazer isso. Mas o que aconteceu em seguida me deixou perplexa. As pessoas todas que eu conheço vieram me trazer, de verdade, seu apoio. Eu tinha decidido que nem ia ler os comentários e tal, mas quando resolvi ler o primeiro, algo incrível aconteceu.
7 - ACEITE O APOIO DAS PESSOAS! Uma vez eu li que "todo o bem que fazemos na vida, por menor que seja, ecoa na eternidade e volta para você". E eu pude sentir a verdade disso em mim mesma. Quando resolvi ler as mensagens de vocês a primeira que li já me deixou feliz. Em seguida me deparei com a mensagem da Lucelia. Ela falava sobre uma vez que dei a letra de um hino pra ela e que isso a tinha ajudado. Então ela estava me devolvendo aquele hino. Eu sequer me lembrava desse dia, não lembrava qual era o hino. Digitei lá no Google: "hino 33 da harpa cristã". E quando li a letra me emocionei muito. Chorei com a minha alma e me senti completamente acolhida pela frase: "Com Tua mão segura bem a minha e pelo mundo alegre seguirei. Mesmo onde as sombras caem mais escuras, teu rosto vendo, nada temerei". Aquilo teve um efeito imediato em mim. Era um pedaço do bem, minúsculo, que eu havia feito à alguém, lá em 1999, que estava voltando pra mim. E nesse momento decidi definitivamente "seguir alegremente pelo mundo e não temer". Então resolvi dar atenção especial a cada uma daquelas mensagens e responder uma a uma as 280. E eu já posso dizer: são elas que estão me sustentando! Cada uma, uma lembrança e um motivo para agradecer. E quando comecei a agradecê-las e a cada lembrança boa que me vinha - vivida com cada um de vocês - fui ficando cada vez mais forte e determinada a lutar e vencer;
8 - AJUDE! Eu estou sentindo um desejo imenso de ajudar, de falar para as pessoas todas as coisas que eu estou descobrindo e aprendendo. Cada descoberta, por menor que seja, me faz lembrar de alguém e dizer: "olha fulano isso vai te ajudar em tal coisa...". E tenho recebido tanto que eu realmente preciso retornar todo esse apoio, informação e aprendizado. Tenho o o dever de devolver tudo que tenho recebido para as pessoas. Eu tenho ainda muita coisa pela frente, mas estou guardando tudo (essas postagens aqui. por exemplo,são um meio de guardá-las) para depois arrumar uma forma melhor de divulgar as as informações todas;
9 - ALIMENTE-SE ADEQUADAMENTE! Desde o momento que percebi o nódulo a minha primeira preocupação foi em começar a me alimentar de forma adequada e auxiliar na cura, caso estivesse com câncer. E já tem 1 mês e 4 dias que estou comendo tudo que desacelera o desenvolvimento do câncer e deixei de comer, absolutamente tudo, que possa contribuir para a aceleração da multiplicação das células cancerígenas. Pode ser pouco o que estou fazendo, mas me sinto feliz de ao menos não estar mais alimentando o crescimento do meu tumor. Além disso, estou muito empenhada em aumentar a minha imunidade - tomando suplementos de vitaminas e comendo alimentos que auxiliam meu sistema imunológico. Quero estar o mais forte possível quando for fazer a quimio e também que o meu corpo tenha condições de começar a combater essas células "invasoras".
10 - EXERCITE-SE! Eu já tinha voltado a correr e me alimentar corretamente desde fevereiro. Modifiquei ainda mais a minha alimentação, de acordo com a dieta de quem está em tratamento de câncer, e não deixei de ir correr no parque 3 vezes por semana. E notei algo: quando vou correr melhoro muito meu ânimo e físico. Depois que recebi o diagnóstico o meu nódulo passou a doer e arder um pouco no fim do dia (talvez seja psicológico, já que até dias atrás eu não sentia nada, agora que sei que ele tá lá resolveu doer). E quando vou correr imediatamente me sinto melhor e o nódulo para de doer.
11 - CONECTE-SE com suas melhores lembranças: Eu corro ouvindo as músicas que eu gosto, principalmente anos 80, quando era adolescente e isso realmente me conecta com uma época totalmente despreocupada da minha vida. E tenho feito muito isso, tentado me conectar muito com a época que os meus seios estavam nascendo perfeitos e saudáveis e com a época em que amamentei meus filhos. Me manter conectada com essa vibração está tendo um efeito poderoso em mim. Eu sinto perfeitamente saudável quando estou conectada com essas lembranças - e sem saber a Regina, me deu um presente incrível me mandando duas fotos minhas aos 12 anos. No dia que ela me mandou as fotos e todas as cartinhas que eu escrevia para ela aos 13, 14, 15 anos, eu passei o dia todo nessa vibração de que meus seios eram e estão saudáveis. E lendo as cartinhas todas que ela me mandou eu li num cartãozinho a seguinte frase: "A verdadeira amizade é uma força infinita que surge em nossos caminhos quando dela precisamos.". E nem preciso dizer o quanto estou precisando agora dessa amizade.
12 - IMPORTANTE! SE INFORME SOBRE A DOENÇA: Não espere que alguém vá te dar todas as informações que você vai precisar. Isso pode não acontecer. É melhor você estar muito bem informada sobre tudo e chegar no médico e pedir orientação do que esperar que ele vá te dizer tudo. Eu fiquei sabendo de alguém muito querido e próximo que se foi com câncer porque não teve acesso a informações preciosas que poderiam ter salvo sua vida. Então estou me informando sobre tudo e fazendo uma lista imensa para perguntar ao médico o que procede e o que não procede.
Bom, por hoje é só pessoal!
Orem por mim,
Vibrem por mim,
Torçam por mim.

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20/04/2018 - Postado no facebook

Tá em casa já a minha pequena...

19/04/2018

Tchau cabelo!


Mais uma ótima decisão tomada!
Decidi passar por tudo da melhor forma possível.
Me disseram pra esperar, porque tem muita gente que o cabelo não cai na quimioterapia, mas eu quis fazer logo isso por 4 motivos:
1 - Assim o Tomás me viu cortando, já vai se acostumando e não vai se impressionar se cair tudo de repente;
2 - Porque essa ainda foi uma escolha MINHA, não da minha doença. Deve ser muito doloroso estar com o cabelo do tamanho do que eu tava e vê-lo caindo aos montes contra sua vontade. Queria que fosse uma decisão minha não da doença;
3 - Sempre tive vontade de fazer um corte radical assim, mas nunca tive coragem e a hora chegou!
4 - É uma coisa menos pra eu me preocupar nessas 2 próximas semanas: cabelo!




Grata ao meu amigo Eduardo Alves que cortou pra mim.
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19/04/2018 - Postado no facebook

Café da manhã!

Bom dia!
Meu café da manhã está um pouco diferente agora: sem pão, sem leite, sem achocolatado, sem café, sem manteiga, sem frios, sem açúcar ou adoçante, sem geleias ou bolachas, mas parou e alimentar o câncer e estava muito bom!
😊

Uma palavra sobre força, coragem, determinação e perseverança:

Se vocês, que leram o meu relato, estão impressionados por eu estar tão confiante, apesar de ter acabado de receber um diagnóstico tão ruim, vocês precisam saber de onde vem toda a minha força e coragem.
Essa é a minha avózinha amada, minha pequenininha, o amor da minha vida.
Ela tem 87 anos, tem um problema gravíssimo na válvula do coração. Ela tem 42 kgs e cerca de 1,30cm. Em fevereiro do ano passado o médico dela chamou a família e disse: "se eu não operá-la ela não vai sobreviver! Se eu operá-la ela não vai resistir. Estamos tentando controlar com medicação, mas não sei quando tempo isso vai funcionar. Pode funcionar 2 dias, uma semana, não vai funcionar por um mês".
Em fevereiro de 2017 eu fui correndo vê-la. Ela estava tão pequena, parecia ainda menor, tão frágil, mas me disse o seguinte: "eu vou ficar boa!".
Essa foto é de hoje: 17/04/2018. Ela não foi operada, Ela não pode mais tomar o remédio já tem um tempo.
Sábado ela não estava mais conseguindo respirar sozinha, os pulmões estão com secreções e ela não conseguia mais eliminar como fez até agora. Meu irmão a levou para o hospital. Ela está lá no oxigênio. O médico dela vai lá de hora em hora vê-la.
Ontem eu liguei para minha irmã e falei com ela.
Eu disse que a amo muito, uma vez mais disse o quanto sou grata por ela ter me criado e me amado. E então ela me respondeu:
"Vai ficar tudo bem com você viu 'fia'!? A vó tá orando para você ser curada!"
Hoje minha irmã me mandou essa foto da minha avó no hospital orando por mim.
É também por essa razão que eu sei que vai ficar tudo bem comigo. A maior herança que minha avó querida está me deixando é a força e a coragem dela.
É a pessoa mais forte, corajosa e determinada que eu já conheci nessa vida.
Orem por ela
Vibrem por ela
Enviem suas melhores energias para ela.
Torçam por ela
Eu só desejo que ela seja e esteja muito feliz e tenha momentos lindos de pura paz, amor e harmonia.
Notícias de hoje 18/04 da minha pequena: o médico dela passou hoje e disse que ela está bem melhor. Já conseguiu eliminar parte do líquido dos pulmões, que agora eles vão monitorar a respiração dela, vão tirar um pouco o oxigênio para ver como ela reage. Ela já está bem mais forte.
No dia 19/04 ela recebeu alta e já está em casa.

Aos 12

Das coisas lindas que a vida nos faz: 
Essas devem ser as únicas fotos que eu tenho aos 12/13 anos. 
Presente incrível da minha linda amiga Regina Lucia

Consegui uma vaga...

Queridos já saiu a minha vaga no hospital - IBCC. A consulta está marcada para dia 3/5 e em seguida já devo iniciar os tratamentos. Foram apenas 5 dias de espera. Como disse antes, todos os caminhos para a minha cura estão se abrindo. Obrigada pelo apoio de vocês todos. Conforme as coisas forem acontecendo mantenho todos informados. Continuem torcendo por mim.

16/04/2018 - Postado no facebook

Um dia...


Um dia, esse mesmo seio esteve assim: saudável, cheio de amor, alimentando e gerando mais vida. Que eu consiga me conectar com esse instante em todos os momentos da minha jornada para torná-lo assim de novo: saudável e cheio de amor!

Obrigada!

Quero agradecer de todo o meu coração por todas as mensagens, orações, vibrações e apoio de todas as formas que estou recebendo. Quero que saibam que essa emanação de amor e amizade estão chegando verdadeiramente até mim e elas estão me sustentando.
Eu já decidi vencer essa batalha. E já tinha decidido antes mesmo de confirmar o diagnóstico. Isso facilitou muito a aceitação. Já estou trabalhando a meu favor. Sei que vou vencer e ser curada. Eu já me sinto curada no meu espírito agora só preciso materializar essa cura no meu corpo através do tratamento médico.
Uma das coisas que me surpreendeu muito, quando decidi postar o meu relato e avisar a todas as pessoas que eu conheço ao mesmo tempo, foi perceber que não estou despertando pena nas pessoas. Era o que eu mais temia, não queria mergulhar no derrotismo e auto piedade e achava que abrindo e publicando assim a minha história poderia despertar isso nas pessoas.
Ao contrário disso está sendo incrível perceber o quanto as pessoas estão confiando em mim e na minha força. Foi uma decisão muito acertada não ter me isolado nesse momento. Se todos soubessem o quanto essa energia e força dos amigos, dos familiares e pessoas que nos querem bem nos ajuda não teriam medo de expor suas fraquezas.
Sabem, há tempos eu vinha cultivando atitudes e vibrações que não eram naturais em mim antes. Eu andava extremamente ressentida, rancorosa, o tempo todo pensando sobre acontecimentos ruins da minha história, reclamando de tudo, achando que tinha pouco ou nenhum amigo que realmente gostasse de mim. Me sentia muito só e infeliz mesmo estando vivendo uma vida de sonhos, vivendo uma linda história de amor e de maternidade. Mesmo tendo amigos que sempre vinham correndo quando eu chamava. Estava tão cega que não conseguia perceber nada disso. Acho que a única coisa que me salvou nos últimos tempos foi o amor que o Diego, o Tomás, a Bia e os amigos mais próximos nutrem por mim e eu por eles.
Há tempos Diego tem feito um esforço imenso para me tirar dessa vibração tão negativa e eu simplesmente não conseguia me desvencilhar daquela teia de mágoas e ressentimentos. Ao mesmo tempo que era extremamente grata pela vida que tenho e de estar imensamente feliz com as minhas conquistas, eu simplesmente não conseguia me permitir ser feliz por inteiro.
Eu precisei passar por essa situação que estou vivendo agora para finalmente compreender o que estava fazendo de errado e perceber essa enorme quantidade de pessoas que realmente torcem por mim. É algo maravilhoso e transformador isso, eu estou realmente recebendo o que cada um de vocês estão me enviando, acreditem.
Eu já recebi tanto nesses últimos dias, já passei por tantas transformações e aprendizados e já recuperei tantas pessoas que que mesma tinha afastado da minha vida, que só consigo me sentir muito agradecida por esse momento.O câncer está verdadeiramente me curando de muitas coisas e de me muitas formas. Estou me sentindo mais abençoada do que atingida por essa enfermidade.
E não tenham dúvidas de que muito em breve estaremos comemorando juntos. Eu estou lendo cada uma das mensagens de vocês (conforme estou podendo) e vou respondê-las todas. Muito muito muito muito obrigada!
Continuem:
orando por mim
vibrando por mim
me enviando suas melhores vibrações
e torcendo por mim
Vocês estão amparando e sustentado a minha confiança.
Amo muito vocês.

15/04/2018 - Postado no facebook 

Estou com câncer! E agora?


Quando você recebe um diagnóstico ruim, inesperado, como o de um câncer, apesar da situação ser totalmente adversa, e você sentir um medo absurdo, há, no meio desse turbilhão de emoções, algo que acontece com você que você nunca tinha se dado conta: existe algo positivo em tudo. Faz dois dias que recebi o diagnóstico: "carcinoma ductal invasivo Grau I - estágio nuclear II". E em apenas dois dias tudo o que eu acreditava e pensava sobre todas as coisas ganhou um novo significado.
Em dois dias posso dizer que senti todas as coisas que alguém pode experimentar: medo, tristeza, preocupação, raiva, amor, angústia, confiança, fé, alívio, força, coragem, solidão, apoio, solidariedade, empatia, sensibilidade à flor da pele, abandono, decepção, acolhimento, uma calma inexplicável, seguida de uma terrível crise de ansiedade... Passei por tudo isso e nunca, em toda minha vida, senti tanto medo e tanta vontade de viver.
Quando aquilo que você mais teme acontece, algo muda completamente em você. Foram oito dias de espera pelo resultado da biópsia. A angústia da espera e a tortura de não saber é tão grande que quando você finalmente recebe o diagnóstico o que você sente imediatamente é alívio! Nunca imaginei que seria assim, mas o que eu senti no exato momento em que descobri que estava com câncer foi alívio. A tortura acabou e agora eu já posso me concentrar na minha cura. Eu descobri que o meu medo me empurra, me dá uma coragem que eu nem sabia que tinha. Eu tenho pressa!
Eu descobri o nódulo no meu seio esquerdo há 20 dias. Assim que senti aquele caroço estranho no meu corpo, antes mesmo de comentar com alguém, eu corri para o computador e marquei uma consulta para a primeira hora disponível da médica. Nesse dia eu comecei a descobrir o poder do amor e da amizade. Comentei primeiro com o Diego - que imediatamente me acolheu e disse que estaria comigo em qualquer situação - e depois contei para algumas pessoas próximas e quando falei com a minha amiga Cristiane, ela largou imediatamente o que estava fazendo e veio até a mim. Depois disso não ficou mais um único dia sem me procurar e me dar a coragem que eu iria precisar.
Dias depois fiz a mamografia (que não apareceu nada) e no mesmo dia um ultrassom com um birads 4 - eu tinha um nódulo sólido, com 2cm, vascularizado e a possibilidade de ser maligno. Acho que esse foi o pior momento. Nunca tinha me sentido tão só.
Não consegui dormir naquela noite. Era tarde e eu não queria dizer para o meu marido e o meu filho o pavor que eu estava sentindo. Eu não podia fazer isso com eles. Queria ligar para alguém, queria chorar como um bebê, nunca precisei tanto de um colo, de ouvir de alguém querido, que tudo ia ficar bem. Mas eu estava absurdamente sozinha naquele momento. Essa era uma situação em que eu teria sido acolhida pelo meu avô, minha avó ou a minha tia Isa. Eu teria chorado no colo deles até me sentir segura de novo, mas eu não tinha mais nenhuma dessas opções: meu avô e minha tia não estão mais aqui e a minha avó está com 87 anos, muito doente e frágil eu não poderia fazer isso com ela também. Fiquei ali, no chão, em posição fetal chorando baixinho como nunca havia chorado antes. Foi nesse momento, aos 46 anos de idade, que finalmente eu amadureci e entendi que algumas situações você vai ter que encarar sozinha. Depois consegui ligar para algumas pessoas em quem eu acreditava que podia confiar, nem me dei conta de que eram quase duas da manhã. Quem me atendeu foi a Bia e depois a minha prima Thaís. Choramos juntas, nos consolamos juntas, esperamos juntas e depois nos fortalecemos juntas.
Nesses dois últimos dias, algumas coisas mudaram completamente em mim e coisas que antes importavam tanto perderam completamente o sentido. E o que mais me surpreendeu foi perceber - analisando friamente - que pouca coisa, ou melhor poucas pessoas realmente me prendem aqui. Eu simplesmente não estou pronta para ir embora porque eu preciso criar o meu filho que acabou de fazer 5 anos; porque quero ver a minha filha realizando os sonhos dela e porque quero viver ainda todos os sonhos que o Diego e eu sonhamos juntos nesses nove anos. Eu me despediria com saudades de muitos amigos, familiares e pessoas queridas. São muitas mesmo, mas acho que estaria pronta para dizer até logo a todos eles - porque eu realmente acredito em um até logo, mas ainda não poderia dizer isso a esses três. Não ainda.
E percebi que não tenho medo de morrer, isso foi o que mais me espantou. A vida não ficaria me devendo nada, nadinha! Mas, eu simplesmente ainda preciso estar aqui ao lado do Diego, do Tomás e da Bia. Eles precisam de mim e eu deles. Ainda temos muito para fazer juntos.
Dentro desse emaranhado de sentimentos, descobri que o câncer - entre tantas coisas - também veio me curar de muitas formas. Mágoas, ressentimentos e rancor podem sim ajudar causar câncer. Eu tive a certeza disso, no dia que chorei tão profundamente decepcionada e magoada e imediatamente o meu nódulo (só ele) começou a doer, arder e latejar. Foi ai que comecei a entender tudo. As minhas mágoas podem ter ajudado me causar esse câncer e entendi que agora só eu posso me livrar dele.
Descobrir que você tem um câncer faz você perceber o que realmente importa e o que você está fazendo de errado. Eu precisei chegar até as últimas consequências para entender isso e descobri que me curar definitivamente depende exclusivamente de mim. E comecei a trabalhar a meu favor assim que descobri o nódulo. Corri para Internet e pesquisei: "qual a alimentação adequada para quem está em tratamento de câncer?" Isso chocou o Diego, mas eu disse à ele que precisava estar preparada também para o pior e começar já a trabalhar a meu favor. Se não fosse nada, mal nenhum me faria uma alimentação super saudável.
O que eu já descobri em apenas dois dias diagnosticada com câncer:
1 - Você vai se surpreender de várias formas: consigo mesmo e principalmente com as pessoas. Vai descobrir que quem você acreditava que correria para te acolher não vai fazer isso. E aquela pessoa que você nem era íntima, que faz tão pouco tempo que você conhece, vai te dar o abraço que você precisa;
2- NUNCA, nunca, nunca, confie só na mamografia (eu faço uma vez por ano e nem na última que fiz no dia 24/03/18 - mesmo tendo um nódulo de 2 cm apalpável - ele não apareceu na mamografia e sai da sala com um laudo de birads 2 - escrito: não há evidência de nódulos). Faça a mamografia (porque tem nódulos que só aparecem na mamografia), mas não deixe NUNCA de fazer junto um ULTRASSOM (porque tem nódulos que só aparecem no ultrassom). Se eu tivesse feito um ultrassom à um ano, talvez teria pegado o câncer bem no início;
3 - EMAGREÇA! Eu só consegui perceber o nódulo, depois de ter emagrecido 5 quilos, depois de ter voltado a correr (pra valer) e voltar a me alimentar corretamente. A gordura que estava acumulada nos meus seios impediram a identificação do nódulo, mesmo fazendo o autoexame com certa frequência.
4 - Selecione muito bem as primeiras pessoas para quem você vai contar (antes de aceitar seu diagnóstico e entender direito o que está acontecendo). Vai ter aqueles momentos que você não vai querer conversar. Vão te encher de perguntas para as quais você ainda não tem respostas ou dizer coisas que vão te deixar triste ou te assustar, como por exemplo: "Vai se tratar NO SUS!!!?? Você vai entrar numa fila gigantesca, é demorado etc etc" Coisas que definitivamente você não precisa ouvir e que NÃO É VERDADE! O Tratamento do câncer é garantido por LEI e o Estado tem até no máximo 20 dias para te arrumar vaga no oncologista e se o seu câncer for INVASIVO (como o meu) o prazo é de 10 dias. Quando você estiver pronto conte para todos de uma única vez. Isso vai evitar o desgaste de ficar toda hora repetindo a mesma história;
5 - Você não é eterno, a vida é efêmera e a gente vive como se nada pudesse nos atingir. Nos sentimos, sei lá, super poderosos. Achamos que nada vai nos pegar e quando atinge você se dá conta de que passou boa parte da sua vida se importando com coisas absolutamente desnecessárias;
6 - Você vai descobrir que o tempo e distância não acabam com a amizade verdadeira e que o amor da sua vida vai estar do seu lado e que não importa o que acontecer ele vai estar lá. Vai descobrir que é amada de verdade e que mesmo que não esteja mais inteira... ele vai continuar do teu lado te amando como sempre. De todos os abraços que o Diego já me deu, aquele na madrugada no meio de uma terrível crise de pânico me deu imediatamente a paz e calma que eu precisava;
7 - Você descobre que é muito mais forte do que imagina e que por mais que alguém te ame e te apoie, essa batalha é só SUA. Ninguém vai poder te tirar dessa situação a não ser você mesmo.
8 - A sua intuição não falha! A gente é que não presta atenção nela. Quando descobri o nódulo, a primeira vez que toquei nele, senti um gelo na barriga. Eu soube naquele instante (por mais que tentasse me convencer do contrário) que eu estava com câncer;
9 - O câncer vai te devolver pessoas que tinham ido embora "para sempre" da sua vida - e essa é uma das curas que o câncer faz em você. Você vai receber o abraço e apoio de quem te ama de verdade, mesmo que esteja brigado com você. E nem posso te dizer a alegria indescritível que foi ouvir do meu irmão que ele me ama e que, mesmo sem nos falarmos, ele continuava lá me amando e eu amando ele.
10 - Você vai descobrir porque a vida te colocou em certos lugares e porque conheceu determinadas pessoas ao longo da sua vida - são elas que agora irão abrir as portas do caminho para sua cura. Ter tido um transtorno de ansiedade - que me faz fazer terapia, no posto de saúde ao lado de casa, a quase 4 anos - me fez conhecer as pessoas que eu iria precisar agora. Aquilo que parecia ser um mal tão grande (as crises de pânico e ansiedade) foi o que me fez fazer amigos, que hoje estão correndo para me amparar e me ajudar dentro do sistema de saúde. Eu descobri um nódulo no meu seio há menos de um mês, mas já estou agendada num oncologista e recebendo (dos amigos médicos que fiz no posto) as orientações para estar preparada para a minha cirurgia. Nunca imaginei que a minha corrida para a cura seria assim tão rápida!
A minha jornada está apenas começando. Sei que vem um caminho bastante turbulento pela frente. Mas estou preparada para enfrentá-lo. Não tenho medo do percurso porque sei (olha a intuição aí de novo) que vou sair vitoriosa dessa luta. Eu não sei ainda direito o que me espera pela frente (qual a gravidade total da situação), mas a única coisa que eu sei e sinto é que eu vou viver! Vou criar o meu filho, ver a minha filha realizando os sonhos dela e realizar os meus junto do Diego. E vou rir muito ainda com os amigos e familiares queridos.
Orem por mim!
Vibrem por mim!
Mandem as suas boas energias!
*Por que escrevi isso tudo? Porque eu sou escritora, oras! Eu escrevo sobre as minhas experiências e impressões. E um escritor escreve para ser lido!

11/04/2018 - postado no facebook