quinta-feira, 17 de maio de 2018

Descansar é Preciso!

estresse
substantivo masculino 
O estresse é uma resposta do organismo (física ou mental) a um evento de esforço extremo ou importante, geralmente quando se sente ameaçado ou sob pressão. Essa resposta libera uma série de reações químicas no seu organismo, o que provoca reações fisiológicas.

O estresse, apesar de não ser o causador de problemas graves, desencadeia alguns destes problemas, pois quando a redução do sistema imunológico do organismo afeta um indivíduo mais vulnerável, sintomas podem surgir, como: sensação de desgaste constante; alteração do sono; tensão muscular; formigamento; mudança de apetite; alteração de humor; falta de interesse pelas coisas; problemas de concentração, atenção e memória; pensamentos acelerados; preocupações excessivas e constantes; dores; problemas intestinais; náuseas e tonturas; dor no peito; perda da libido; necessidade de subterfúgios para conseguir relaxar; hábitos nervosos (como roer unhas); entre outros... O estresse também pode desencadear algumas doenças, como: problemas de pele; cardíacos; gastro-intestinais; hipertensão; ansiedade; depressão; resfriados frequentes; alergias; enxaquecas; queda de cabelo; infecções; úlceras; infarto; derrame; vitiligo; psoríase; herpes; crises de pânico; entre outras.
Dito isso, vamos lá!
Eu passei boa parte da minha vida muito estressada. E ainda hoje convivo com estresse diário. Desde muito novinha sempre tive muitas responsabilidades e afazeres. Aos 16 anos já morava sozinha e tinha que trabalhar para comer e me sustentar. Casei muito cedo e aos 20 anos fui mãe pela primeira vez. Além de mim, passei a ter mais uma grande responsabilidade. 

As pessoas me diziam que eu tinha sido mãe muito jovem e eu pensava: "Cuidar de um bebê não é esse bicho de sete cabeças, afinal já cuido de crianças desde os 13 anos.". Eu estava certa, em partes. Realmente cuidar de um bebê não é o fim do mundo. Mesmo muito nova tomei conta da minha filha praticamente sozinha. Dei banho e cuidei do umbigo, fraldas, amamentação, doenças e todo aprendizado dela desde a maternidade. E adorava fazer isso. Eu só me dei conta de que as pessoas estavam certas quando minha filha entrou na adolescência. Eu não tinha a menor maturidade para lidar com uma adolescente. Eu tinha 33 anos e o mundo desabou na minha cabeça. 

Além de toda responsabilidade que eu tinha na vida: me manter e manter a minha filha, manter uma casa, um trabalho, minhas crises emocionais, tive que lidar com vários problemas que não estava nenhum pouco preparada para enfrentar. Resultado? Primeira crise de pânico aos 34 anos. Foi então que descobri que tinha transtorno de ansiedade. Do qual eu passei quase dez anos negando. Tive crises em 2005 que me levaram por três vezes ao pronto socorro. Em 2007 meu avô faleceu eu literalmente desabei. Passei a ter constantes crises de ansiedade que eu achava que poderia controlar. Pensava: "se é coisa da minha cabeça, se eu criei isso, eu vou resolver sozinha". Comecei a ler sobre o assunto e achei que conseguiria me cuidar sozinha.

Deu certo por algum tempo. Em 2008 estava com 67 kg. Decidi emagrecer (sempre que decido isso as coisas melhoram). Comecei a fazer caminhadas diárias, reeducação alimentar, fui ao endócrino e comecei a cuidar de mim. A coisa começou a andar bem. Enquanto estava fazendo exercícios e me alimentando bem não tive mais crises. Pensei: "me curei! Estou ótima!". E estava bem mesmo. Comecei a fazer o curso que eu queria na FEESP, depois fiz pós graduação e um curso de comunicação escrita na FAAP e a coisa realmente parecia caminhar. Em 2009 me casei novamente e eu não podia estar mais feliz.

Felicidade faz a gente desencanar das coisas. Fui ficando feliz e comendo cada vez mais. Muito aconchego no lar, vinhos e queijos, guloseimas e filminhos... Em 2010 eu já tinha bagunçado tudo de novo. Engordei, comecei a comer, de novo, um monte de porcarias e parei de vez de correr no parque. Só queria ficar em casa curtindo o meu casamento e minha vidinha que tava tão boa. Poderia ter feito isso, sim claro, mas sem me descuidar da saúde. Em 2011 publiquei o meu livro e quando vi as fotos do lançamento fiquei chocada com o tamanho que eu estava. Resolvi fazer um check up: meu colesterol tava alta, glicemia limitrofe e eu quase morrendo para subir as escadas. Em novembro de 2011 eu reagi. Junto com uma amiga querida, a Renata, montei um blog e com os incentivos em apenas 4 meses eu tinha perdido 10 kgs, já estava correndo 6 km 4 vezes por semana. Em março de 2012, nós corremos juntas 5 km na maratona de São Paulo. Os exames todos voltaram a ser maravilhosos e eu subia as escadas correndo na boa.

Em agosto de 2012 engravidei. Consegui manter um peso excelente na gravidez, aumentei apenas 7 kgs e cuidei muito bem da minha alimentação. Passei a gravidez toda com a pressão arterial ótima, sem ter maiores problemas, além dos habituais, numa gravidez. Tomás nasceu super saudável em abril de 2013. A grávida que caminhou até o oitavo mês, que cuidou tanto da alimentação e da glicemia. Virou uma mãe sem tempo pra mais nada. O bebê mamava de hora em hora e para compensar a falta de sono comecei a comer compulsivamente. Em poucos meses engordei tudo o que controlei na gravidez e mais um pouco. A minha vida, que já tinha muitos afazeres e responsabilidades virou uma loucura.

Diego e eu somos sozinhos, sem familiares, aqui em São Paulo. Então ele trabalha o dia todo (numa jornada de 10h) pra nos sustentar e o restante da carga diária é por minha conta. Além disso, eu nunca, em tempo algum, deixei de abraçar um trabalho com afinco. Eu literalmente abracei o mundo, o meu mundo. Centralizando tudo, fazendo tudo sozinha, achando que dava conta de tudo. Tomás estava com apenas 20 dias de nascido e eu com uma cesárea cicatrizando, eu pegava ele + carrinho + compras e descia e subia três lances de escadas. Ia ao mercado e carregava aquele todo sozinha escada acima. Lavava, passava, cozinhava, cuidava da casa, do filho, do marido e comia. Eu sempre tive problemas para dormir, mas eles se agravaram bastante nos últimos 5 anos. Há três anos, finalmente procurei ajuda psicológica, mas os problemas emocionais eram tantos que ainda não recebi alta.

Tinha dias que estava exausta, mas quando o Tomás dizia: "me leva no Ibira?". Eu pegava ele + bicicleta + uma sacola cheia de coisas e ia (escada abaixo e depois escada acima) com ele. Tivemos tardes incríveis, das quais jamais me arrependerei. Se há um arrependimento é de não ter passado mais tempo com ele no parque, em vez de ter trabalhando tanto limpando casa. Perfeccionista pensava: "minha casa tem que estar perfeita, roupa passada, faxina feita, filho alimentado e limpo, móveis lustrados, paredes pintadas (sim quando não tinha dinheiro eu mesma ia lá -  me achando a mulher maravilha - e lixava, pintava, arrumava, pregava varal, consertava porta...)". Fingia não ver o meu cansaço. Mesmo morrendo de sono ou muitas vezes de dor nas costas, eu levantava e ia lá estender a roupa, levar o lixo, lavar a louça, fazer um monte de comida. Eu estava exausta e não percebia. 

O resultado disso, todo mundo que me acompanha aqui sabe: eu fiquei gravemente doente. E mesmo diagnosticada com câncer eu não parei. Levo e busco filho na escola, lavo, passo, cozinho, faxino, limpo, vou ao mercado, subo compras pesadérrimas escada acima e há dez dias (pasmem!) lavei com cândida e pintei o teto da cozinha e do banheiro porque estavam manchados de infiltração. Em todo lugar que falava sobre paciente oncológico eu lia: "precisa descansar, relaxar, procurar algo prazeroso para fazer afim de passar mais leve por esse período de tratamento". E eu lá triplicando a minha rotina, pois além de tudo o que já fazia antes passei a correr atrás de: exames no hospital, alimentação saudável, terapias, assistências... Até ontem não tinha tido um dia de descanso, pra deitar nem que fosse uns minutinhos pela tarde e me refazer. Então as dores começaram aparecer.

Toda noite tenho tido dores pelo corpo. E a cabeça começou a criar monstros: deve ser metástase nos ossos, deve ser isso, deve ser aquilo. Até que ontem, na palestra da assistência, uma senhora (médica) falou comigo: "Olha muitas vezes essas lesões ósseas que aparecem na tomografia não tem absolutamente nada a ver com o tumor. Geralmente são lesões por traumas. Você carrega muito peso?". PLIN!!! Toda minha vida de exageros passou pela minha frente. Então ela me disse: "você está sobrecarregada! Física, emocional e mentalmente. Excesso de informações, excesso de trabalho, de preocupações... não admiro ter ficado doente.". E continuou: "essas dores que você sente são dores de exaustão, seu organismo não está mais dando conta disso tudo. Você precisa parar, se quiser se curar e se recuperar.".

Parar de pesquisar coisas que não vou entender sozinha, parar de querer resolver tudo imediatamente, parar de querer tudo perfeito, parar de não me dar um tempo, parar de não cuidar de mim... A minha terapeuta recentemente me disse: "acho que você não gosta de você.". E eu fiquei muito brava com isso: "claro que eu gosto, claro que eu me amo!". Hoje eu entendo o que ela quis dizer e tristemente reconheço: eu não estou me amando. Ao menos nunca demonstrei isso. Nunca me coloquei em primeiro lugar, nunca exigi um descanso pra mim mesma, nunca me rebelei, nunca apelei, nunca me permiti ser egoísta. Sempre e sempre vieram antes de mim todos a quem eu amo.

Eu precisei ser diagnosticada com um câncer, do qual eu ainda nem sei a gravidade, para finalmente ouvir o meu corpo gritando por socorro. Precisei ver duas lesões ósseas, silenciosas, na minha tomografia, para entender que eu não devia ter carregado tanto peso e tanto mundo na minha pobre coluna. Eu preciso parar, senão a vida vai me parar muito antes do tempo.

Eu não sei ainda como eu vou fazer. Não tenho dinheiro para pagar uma ajuda, por mais simples que seja. Não temos pessoas que possam aliviar um pouco a nossa carga. Diego precisa trabalhar para nos manter, nós precisamos comer, nos vestir e o Tomás de muitos cuidados. Daqui a pouco mesmo já tenho que sair correndo, à pé porque hoje é rodízio, para buscá-lo na escola, comprar coisas urgentes, voltar correndo, dar banho, fazer janta, arrumar tudo e eu estou exausta agora. Hoje consegui deitar por 20 minutos antes da minha terapia, mas nem consegui descansar, pois a cabeça estava a mil. Voltei da terapia e resolvi escrever aqui um pouco. Minhas costas já começaram a doer.

Hoje tive uma conversa muito esclarecedora com a minha amiga Cris. Eu preciso mudar meus hábitos urgentemente. Eu preciso me dar tempo, preciso ouvir meu corpo, preciso cuidar de mim antes de cuidar de outras pessoas. Se você não estiver bem não vai poder fazer isso de qualquer forma. Até numa despressurização no avião, eles te dizem: "Coloque a SUA máscara de oxigênio, DEPOIS ajude a pessoa ao seu lado!".

E o corpo da gente dá muitos sinais, como vocês têm visto nas minhas postagens. Eu tive pedras no rim, por não tomar água, tive crises de pânico e de ansiedade por estresse crônico e outras infinidades de pedidos de socorro do meu corpo. Eu não dei ouvidos aos chamados do meu corpo e agora estou pagando o preço disso.

Essa agora será uma das maiores prioridades na minha vida: eu vou cuidar de mim, parar de me exigir tanto e me dar ao luxo de deitar e descansar antes que seja tarde demais para mim. E você, que está me acompanhando, não precisa passar por nada disso. PARE! DESCANSE! SE PERMITA RELAXAR!

Eu vou colocar a minha "máscara de oxigênio" antes de ajudar alguém ao meu lado e você, por favor, faça isso também.

Falem comigo!
Orem por mim!
Torçam por mim!

Um beijo carinhoso.





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