quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Vida online, vida offline.

Texto antigo que escrevi no facebook à cinco anos, mas achei tão atual que resolvi postar de novo:


Vida on line

Vida off line

Eu sou do século passado, vivi o antes e o depois do advento da internet.

Algumas coisas ficaram realmente melhores. Não sei como sobrevivi, e tive filho antes, sem a maravilha das maravilhas do google.
Não consigo imaginar como teria conhecido alguns dos meus amigos mais queridos e o grande amor da minha vida se não fossem aquelas comunidades do orkut.
Um click e 'voilá' a receita da carne à provençal, a bula do remédio, aquela informação tão preciosa, o mapa do mundo inteiro e todas as respostas para uma mãe desatualizada no babycenter clube.
Ninguém precisa mais de enciclopédias, de sair de casa para comprar nada e eu amo poder mostrar todas as coisas do século passado, para os mais jovens, no youtube...

Ter conhecido um mundo sem internet também tem grandes vantagens, todos os amigos que conheci, inclusive os que fiz via internet, e temos uma interação olho no olho, continuam meus amigos até hoje. Tenho amigos de jardim de infância e a fabulosa internet me permitiu encontrá-los todos.
Porém, a internet me fez conhecer muita gente, boas e más, que simplesmente passaram. Vieram como foram, muitos sequer lembro o nome e fico tentando me lembrar quem eram quando vejo algum e-mail ou postagem mais atinga.
Às vezes acho que a internet trás informação demais e numa velocidade trucidante. Informações na maioria das vezes, processadas incorretamente. Ficou ainda mais fácil cometer erros, principalmente de interpretação, magoar e ser magoado.

A internet cansa... mas como sobreviver sem ela?

Como saber o que o meu amigo lá da conchinchina anda fazendo?

Como saber tudo o que está acontecendo, em tempo real, na vida dos meus amigos, na família, aqui ou no resto do mundo?
Antigamente a gente sentia saudades, imaginava o que a pessoa estaria fazendo e em algumas situações ligava, escrevia cartas e ficava ansioso aguardando uma resposta. Isso fazia, talvez, a vida andar de forma menos sufocante. Eu não preciso perguntar nada aos meus amigos e nem eles a mim, porque todas as informações estão aqui. Tudo o que tenho feito, como estou me sentindo, em que estou trabalhando, sonhando ou planejando...
Ninguém precisa mais sentir saudades, se você está com saudades de alguém, entra na página dela e mesmo que ela esteja off line todas as notícias dela estão ali. Ninguém precisa fazer mais nenhum esforço para saber notícias suas ou estar com você olho no olho... Um click e você mata todas as suas curiosidades.
O mundo sem internet tinha mais cheiro, mais sabor, mais vozes, barulho de risadas, arrepios, mais olhares que diziam tudo sem dizer nada... e eu sinto tanta falta disso!
Informação demais cansa... e quando a gente fica cansado, precisa descansar!

Plagiando a Paula Toller, eu poderia cantar:

"Só tenho tempo pras manchetes, nunca o conteúdo!
E o que acontece na novela, todo mundo posta no Facebook.
Escolho os filmes que eu não vejo, no netflix!
Nos comentários que eu encontro na crítica do filmow!
Nós temos pressa e tanta coisa interessa e nada tanto assim!
Ler apostilas em todo site, coisa tão normal.
Leio os roteiros de viagem enquanto falo no bate papo!
Conheço quase o mundo todo pelo Google Maps, 
eu sei de quase tudo um pouco e tudo muito mal. 
Eu tenho pressa e tanta coisa interessa..."

Nada tanto assim, original aqui ó:

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