domingo, 25 de setembro de 2016

Partidas e chegadas

Eu estava triste. Pensava no meu pai-avô Domingos e na minha tia Isa, que faleceram há algum tempo.
Lembrava de como éramos felizes na presença deles. De como ríamos tanto quando estávamos juntos.

Fiquei um bom tempo me lamentando, silenciosamente, essas ausências tão dolorosas. Pensando na falta absurda que eles fazem. No quanto a vida mudou desde que eles se foram.

Perder aquelas pessoas que eu tanto amo, foi devastador. A vida ficou tão incompleta. Todos os dias vejo alguma coisa que me faz lembrar deles, que eu gostaria de mostrar ou contar para eles.

Vejo coisas que eles iriam gostar de ver. Faço coisas que teria adorado fazer junto deles. E, mesmo quando não estou diretamente pensando neles, sinto que falta alguém naquela conta.

É aquela piada que só eles entenderiam, porque estavam lá com você. É a frase que só teria efeito neles. É aquela mania que nós tínhamos em comum.

Não é que eu passe o tempo todo pensando neles e na falta que eles fazem, mas mesmo depois de quase dez anos, tem coisas que só fariam sentido com eles. Essa é a parte mais dolorosa de seguir adiante depois de perder pessoas tão importantes. Você nunca vai se acostumar. 

Pode até doer menos, se conformar, se ajustar, se adaptar, mas aquela ausência vai ser sentida, de alguma forma, pelo resto dos seus dias. Algumas vezes as lembranças serão divertidas - felizmente a maior parte delas - e em outras as lágrimas serão inevitáveis.

Terão dias que o único colo que você irá querer será justamente o deles e esses dias serão os mais difíceis.

Estava absorvida em meus pensamentos quando meu filho, de três anos, me interrompeu pedindo um abraço. E esse abraço foi tão reconfortante que me trouxe de volta ao presente.

Então eu me dei conta de que nossos entes queridos nunca vão embora de fato. Eles ficam conosco para sempre. Em nossas lembranças, nas coisas que aprendemos com eles, nas coisas que fazemos iguais a eles e que iremos passar adiante. 

Os queridos da nossa família vão ficar eternamente conosco e a vida não é injusta. Para cada um daqueles que ela levar, vai te mandar muitos outros... E eles não vão parar de chegar. Desde que meu avô e minha tia se foram, chegaram na família: a Maria Luísa, a Ana Clara, o Guilherme, o Maicon, o Kauã, o Nicolas, o Miguel,  a Alice,  a Bruna Luísa, o Arthur, o Tomás Domingos, outra Alice...

Sem perceber estava feliz de novo, contando para o Tomás Domingos como era engraçada a risada do bisavô xarazinho dele.


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